segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A menina

Ela. Ela é uma mulher, ou pelo menos parece ser. Tem corpo de mulher, voz de mulher, jeito de mulher, humor e gênio de mulher. Ainda assim, ela é uma menina. É uma menina porque brinca. Brinca com as palavras, com as pessoas e, atualmente, adicionou às suas brincadeiras uma categoria nova: passou a brincar com sentimentos.

Nunca a tinha visto dessa maneira. Ela, que sempre foi sorridente, estava lá, sorrindo e brincando. Ela enchia o ambiente com sua fala, suas histórias e sua voz não tão doce. Pelo menos não mais. E enquanto fazia todas essas coisas, ignorava aqueles - ou talvez fosse melhor dizer aquele - que mais desejava sua atenção. Ela desafinava uma música simples e complexa, mas que deixava a todos em êxtase.

De repente a música parou; o ar ficou pesado e denso. Como pode ela, que certa vez tão doce saiu aos prantos, sorrir agora enquanto apreciava a música criada e dançar sua melodia melancólica. Dançou e pulou naquele espaço especial que a pertence, apreciou cada nota de sua canção, quase como que orgulhosa da engenhosidade daquilo que criara, e então partiu.

Partiu sozinha, deixando para trás tudo aquilo que lhe pertence, não dando importância a tudo aquilo que construiu. Simplesmente partiu, se foi. Ainda existem aqueles que esperam seu retorno, esperam que a menina volte para clamar aquilo que a pertence; ainda há servos que a esperam, devotos, aguardando o dia feliz em que ela voltará, agora uma mulher não só de corpo, que abandonou as brincadeiras no passado. "Ah, se ela voltasse! Aposto que com a presença dela a neblina se dissiparia, o sol seria mais uma vez agradável!"

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