quarta-feira, 16 de maio de 2012

Happy Endings

Nós somos dependentes de finais felizes. Eu poderia finalizar esse post aqui, já que a idéia geral dele está colocada, mas acho que vale a pena explicar um pouco sobre como eu cheguei a essa conclusão.

Recentemente terminei de ler a Trilogia Jogos Vorazes. Fazia muito tempo que eu não me empolgava tanto lendo um livro, eram 100, 200 páginas em um dia! A história toda é muito envolvente, a leitura é simples e fácil e a letra não é das menores também, mas estes motivos são apenas complementares ao que realmente importa nos livros. A essência, o que te faz querer saber mais e mais são os personagens. Katniss, Peeta, Gale, Finick, Prim, Haymitch, Rue, Cinna, Effie e tantos outros. Cada um deles tem algo de atraente, algo de especial e de enigmático chegando ao ponto em que, quando você acha que os conhece e que sabe o que esperar de cada um deles, vem a autora com uma virada na história que faz sua mente girar. Acho que o que me surpreendeu mais é que todos eles são extremamente reais. 

Mas voltando aos finais felizes, certa vez eu comentei que existe um ponto máximo no qual se pode f**** a vida de um personagem, e [essa é a hora de parar de ler caso você não queira spoilers] a autora de Jogos Vorazes definitivamente não soube quando parar. Pra começo de conversa, Katniss já era meio quebrada no início da história. Perdeu o pai quando nova, a mãe ficou em estado catatônico, vive em um distrito pobre e tem que sustentar a família em meio às adversidades, mas ainda assim consegue se virar. Logo em seguida se oferece como tributo para os Jogos Vorazes no lugar de sua irmã mais nova e começa a se preparar para eles já pensando que não pode vencê-los. Bom, se você viu o filme você sabe que ela vence os jogos. 

No segundo livro, ela é forçada a voltar para a arena em mais uma edição dos Jogos Vorazes, mais uma vez ao lado de Peeta, só que dessa vez ela decide que irá protegê-lo, e assim o faz – ou tenta. Resumindo, ela é salva pelos rebeldes, Peeta não. Seu distrito é destruído, ela deve se tornar o Tordo, Cinna morre, sua equipe de preparação é torturada. Peeta é torturado e telessequestrado, os avox que a serviam são assassinados, os distritos são bombardeados, a guerra começa. Ela deve posar de estrela, mas não pode de fato lutar; Boggs morre, Finick morre. Ela é queimada, Peeta é queimado, ambos ficam desfigurados. Prim morre no bombardeio, sua mãe não volta pra casa, Gale se afasta. Estes são alguns dos fatos ruins que acontecem com ela durante os três livros, e é como eu disse, existe um ponto máximo para se f**** a vida de um personagem. 

Eu gostei do fim da história, mas foi por pouco. A autora se preocupou em passar uma lição de superação, acho, mostrando uma Katniss madura, casada com Peeta e buscando uma forma de levar a vida mesmo com todas suas perdas, mas o final dela não é necessariamente feliz. Você consegue imaginar aquele seu personagem favorito, o herói de um livro que você leu, desfigurado? Eu tive um pouco de problemas em digerir isso. Não necessariamente pelo fato das cicatrizes da queimadura, mas por que ela já havia sofrido tanto no decorrer dos livros que me pareceu injusto ainda fazer com que ela passasse por isso. 

Por isso eu digo, somos dependentes de finais felizes, mesmo que não sejam os nossos.

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